AS PALAVRAS COLABORAM COM A VELA DA PAZ - 2013

AS PALAVRAS COLABORAM COM A VELA DA PAZ - 2013
TRAZIDA DA ILHA DA SEREIA - LINDALVA

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

MULHERES EM DESTAQUE NA LITERATURA - ELIZABETH BISHOP - A CADELA ROSADA - PINK DOG


Elizabeth Bishop no Brasil na sua casa de Ouro Preto, com o gato de estimação


- A poeta americana Elizabeth Bishop (8/2/1911 a 6/10/1979) estava em sua casa em Ouro Preto, em 1970, quando recebeu, por telefone, a notícia de que tinha levado o National Book Award, um dos principais prêmios literários dos EUA...

Enquanto vivia no Brasil, em 1956 recebeu o prêmio Pulitzer pelo livro «North & South — A Cold Spring».

Em 1976, foi a primeira mulher a receber o International Neustadt Prize for Literature (prêmio internacional Neustadt de Literatura) e continua sendo o único americano a recebê-lo...

Bishop, que a vida toda teria dificuldades para sustentar sua carreira, dependia bastante de doações, empréstimos, prêmios e outros incentivos universitários.
Em 1951, ao receber 2,500 dólares dos Estados unidos do Bryn Mawr College (importância então considerável) pode decidir-se a navegar ao redor da América do Sul.
Chegou a Santos/SP em Novembro/51, esperando ficar duas semanas, para desfrutar da paisagem numa curta pausa das suas semanas na sua longa viagem, mas a sua estada se estendeu por mais de vinte anos.

O Brasil marcou sua vida como temática de numerosos poemas, contos e cartas, e, como afirma a obra «Brasiliana da Biblioteca Nacional», de 2001, em sua página 107, «como vivência afetiva, pautada sobretudo pela longa relação amorosa com a paisagista Lota de Macedo Soares.»

Tal amizade lhe daria estabilidade e amor e estabeleceu residência no Rio de Janeiro, depois nos arredores, em Petrópolis e mais tarde em Ouro Preto.

Chegou no último governo Vargas, documentou o suicídio do presidente, viu a ascensão de JK e a queda de Jango Goulart.

Endossava as opiniões de sua namorada Lota, paisagista e amiga de Carlos Lacerda, partidária de posições udenistas.
Simpatisante pelo Partido Democrata nos Estados Unidos, critica o sistema de segregação racial norte-americano, mas assumiu no Brasil uma posição antiesquerdista.

A verdade é que a política jamais foi tema de interesse central para ela, não podendo ter uma maior compreensão teórica do assunto. Sua percepção das contradições brasileiras é, no entanto, sutil e perspicaz em poemas sobre a paisagem de Santarém, por exemplo, na evocação das chuvas tropicais, na sátira social explícita (poema Pink Dog, por exemplo) no retrato dos pobres urbanos.

*

Uma cadela no Carnaval - Rio de Janeiro

Sol forte, céu azul. O Rio sua.
Praia apinhada de barracas. Nua,
passo apressado, você cruza a rua.

Nunca vi um cão tão nu, tão sem nada,
sem pêlo, pele tão avermelhada...
Quem a vê até troca de calçada.

Têm medo da raiva. Mas isso não
é hidrofobia — é sarna. O olhar é são
e esperto. E os seus filhotes, onde estão?

(Tetas cheias de leite.) Em que favela
você os escondeu, em que ruela,
pra viver sua vida de cadela?

Você não sabia? Deu no jornal:
pra resolver o problema social,
estão jogando os mendigos num canal.

E não são só pedintes os lançados
no rio da Guarda: idiotas, aleijados,
vagabundos, alcoólatras, drogados.

Se fazem isso com gente, os estúpidos,
com pernetas ou bípedes, sem escrúpulos,
o que não fariam com um quadrúpede?

A piada mais contada hoje em dia
é que os mendigos, em vez de comida,
andam comprando bóias salva-vidas.

Você, no estado em que está, com esses peitos,
jogada no rio, afundava feito
parafuso. Falando sério, o jeito

mesmo é vestir alguma fantasia.
Não dá pra você ficar por aí à
toa com essa cara. Você devia

pôr uma máscara qualquer. Que tal?
Até a quarta-feira, é Carnaval!
Dance um samba! Abaixo o baixo-astral!

Dizem que o Carnaval está acabando,
culpa do rádio, dos americanos...
Dizem a mesma bobagem todo ano.

O Carnaval está cada vez melhor!
Agora, um cão pelado é mesmo um horror...
Vamos, se fantasie! A-lá-lá-ô...ô...ô...ô!

PINK DOG

By@
Elizabeth Bishop
Rio de Janeiro

*
Elizabeth Bishop vendeu a casa de Ouro Preto após o suicídio de Lota, no início da década de 1970 e retornou defitinivamente aos Estados Unidos.

Gastava meses, por vezes anos, escrevendo um poema apenas, trabalhando para obter um sentido de espontaneidade. Apaixonada pela exatidão, recriou os mundos do Canadá, América, Europa e Brasil.

Não admitia ter pena de si mesma, mas seus poemas mal escondem todas as dificuldades como mulher, como lésbica, como órfã, como viajante sem raízes ou asmática frequentemente hospitalizada, mulher que sofria de depressão e por vezes alcoolismo.

Em 6 de outubro de 1979, Elizabeth Bishop morreu de um aneurisma cerebral, em seu apartamento na Lewis Wharf, Boston. Ela está enterrada no Cemitério de Esperança em Worcester, Massachusetts.

Elizabeth Bishop foi considerada um das mais importantes poetisas do século XX a escrever na língua inglesa.

***

Fontes:
wikipedia.org/wiki/Elizabeth_Bishop

Poema: PINK DOG

http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet039.htm
***

Organização dos temas biográficos
Anna D'Castro

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

UM POEMA PARA A SEXTA-FEIRA - POR 'WISLAWA SZYMBORSKA'


"OPINIÃO SOBRE A PORNOGRAFIA"


Não há devassidão maior que o pensamento.
Essa diabrura prolifera como erva daninha
num canteiro demarcado para margaridas.
Para aqueles que pensam, nada é sagrado.

O topete de chamar as coisas pelos nomes,
a dissolução da análise, a impudicícia da síntese,
a perseguião selvagem e debochada dos fatos nus,
o tatear indecente de temas delicados,
a desova das idéias – é disso que eles gostam.

À luz do dia ou na escuridão da noite
se juntam aos pares, triangulos e círculos.
Pouco importa ali o sexo e a idade dos parceiros...
Preferem o sabor de outros frutos
da árvore proibida do conhecimento
do que os traseiros rosados das revistas ilustradas,
toda essa pornografia na verdade simplória...

É chocante em que posições,
com que escandalosa simplicidade
um intelecto emprenha o outro!
Tais posições nem o Kamasutra conhece...

By@
Wislawa Szymborska
Prêmio Nobel da Literatura de 1996


*UM APELO* - O MEU APELO:

*Agora depois da morte de Wislawa Szymborska, espero que além de Regina Przybycien, que foi a responsável pela tradução de cerca de 44 poemas da poetisa Polaca, e uma antologia que abarca 8 dos seus cerca de 20 livros, publicados em 2011, pela Cia das Letras, mais tradutores Brasileiros possam traduzir a obra copleta desta poetisa sensacionalmente emocionante, duma sabedoria e humor-critico muito acirrado e leve ao mesmo tempo, que cabe muito bem no discernimento e apreço dos leitores brasileiros.
Não é à toa que esta 'velhinha encantadoramente deliciosa' foi a ganhadora dum "Prêmio Nobel de Literatura"!

Wislawa Szymborska é muito mais do que um nome exótico e quase impronunciável, mas num país de mistura de raças e povos, com tantos nomes exóticos depressa nos introsaremos ao pronuncionar 'corretamente do nosso jeito' o nome de "Vissuava Shemborska" e ser mais um Clube de Fãs duma poetisa que tem muitos fãs em todo o mundo leitor, onde chegou a sua interessante forma de poetar... e eu me incluo nesse Clube.

By@
Anna D'Castro

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Prémio Nobel da Literatura em 1996, A Poetisa Wislawa Szymborska, considerada "O Mozart da Poesia"


Morreu hoje quarta-feira, 1/2/2012, aos 88 anos, em consequência de cancer de pulmão, na casa onde vivia em Cracóvia, a Poetisa polaca, Wislawa Szymborska.
A notícia foi dada pelo assistente da poetisa, Michal Rusinek, a uma agência de imprensa polonesa.
Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1996.
O Comité do Nobel considerou-a o "Mozart da poesia".
A autora foi ainda galardoada com o Prémio Goethe, em 1991, e com o Herder, em 1995.

A poetisa e ensaísta, nascida em 2 de julho de 1923 em Bnin - Kornik, morreu em sua casa de Cracóvia, tranquila, enquanto dormia, rodeada por alguns de seus familiares e amigos mais próximos, entre eles a jornalista Katarzyna Kolenda, que posteriormente lembrou numa entrevista a personalidade de Wislawa. "Sempre que lhe perguntavam por que escrevia poesia ela respondia com um simples 'isso eu não sei'.
Tratava seu trabalho como algo muito pessoal e com muita modéstia", comentou Katarzyna.

Embora Wislawa, nascida em Kornik, no oeste da Polônia, em julho de 1923, fosse a poetisa mais conhecida da Polônia, teve que esperar até aos 73 anos, para a concessão do Nobel em 1996 e para que sua obra chegasse ao resto do mundo.

Infelizmente, a produção de Szymborska, autora de cerca de 20 coleções de poemas, além de tradutora de poesia clássica francesa, é pouco conhecida e publicada no Brasil.
Alguns dos poemas (44) da autora polonesa, foram traduzidos pela primeira vez por Regina Przybycien, doutora em literatura comparada e especialista em literatura eslava.
O volume "Poemas" - uma Antologia de poemas reunidos - foi publicado no ano passado - 2011 - pela Companhia das Letras.

A poetisa destacou-se por sua poesia ser cheia de humor e a simplicidade com que abordava as questões mais profundas, como a morte e o amor e pela habilidade em usar trocadilhos, presente desde o seu primeiro poema publicado em um jornal local em 1945.

O Nobel representou uma revolução em sua vida e na privacidade que sempre tentou manter, como a própria Wislawa reconheceria, já que causou "uma grande confusão, mas também grande alegria, honra, novas amizades e mudanças".

*Um Poema*

ÁLBUM

Na minha família ninguém morreu de amor.
Se alguma coisa houve não passou de historieta.
Tísicas de Romeu? Difterias de Julieta?
Alguns envelheceram até ganhar bolor.

Ninguém a definhar por falta de resposta
a uma carta molhada e dolorosa.
Apareceu sempre por fim algum vizinho
com lunetas e uma rosa.

Ninguém a desfalecer no armário de asfixia
de algum marido voltando sem contar.
E os mantos e os folhos e as fitas de apertar
a nenhuma impediram de ficar na fotografia.

E nunca no espírito satânico de Bosch!
E nunca pelos quintais de arma em punho!
De bala na cabeça teve a morte outro cunho
e em macas de campanha alguém os trouxe.

De olheiras fundas como após a grande folia,
até esta aqui de carrapito extático,
se fez ao largo em grande hemorragia
mas não por ti, ó bailarino, e com viático.

Talvez antes do daguerreótipo, alguém,
mas nos deste álbum, ninguém, que eu verifique.
Tristezas dissiparam-se, os dias sucederam-se,
e eles, reconfortados, sumiram-se de gripe.

By@
Wislawa Szymborska.

*******

Mais uma "Pérola da Poesia" que 'partiu', mas todos aqueles que lutam pelo reconhecimento do seu trabalho poético, terão a recompensa a seu tempo.

É preciso acreditar sempre nos seus sonhos e no seu trabalho e batalhar para conseguir o tão almejado 'Lugar ao Sol'!

By@
Anna D'Castro

José Saramago - O Nóbel da Literatura Portuguesa

"PALAVRAS PEQUENAS... PALAVRAS APENAS..."

Ando por aí querendo te encontrar... Em cada esquina paro em cada olhar... Deixo a tristeza... Trago a esperança em seu lugar... Que o nosso amor para sempre VIVA... Minha dádiva quero poder jurar... Que essa paixão jamais será... Palavras Apenas... Palavras Pequenas... Palavras de Momento... Palavras ao Vento!... "Cassia Eller"

AGRADEÇO A SUA VISITA À *SEMENTEIRA DE PALAVRAS*...


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...VOLTE SEMPRE... DE CORAÇÃO!