Há palavras que habitam a nossa mente como um
guia que consola e desafia o pensamento, tal como um fio de navalha que
atravessa a nossa atenção... como uma chave mestra que abre e fecha o coração.
A palavra atirada ao acaso tem dois gumes como a
faca que agride ou que lapida um valioso diamante.
É preciso cuidado quando uma palavra é dita,
pois na nossa alma fica gravada e jamais poderá ser apagada.
Toda a palavra, quando apontada na direção
errada, é uma arma disparada por uma língua afiada.
As palavras de traição se trancam num árido
labirinto onde não querem ser encontradas. Mas as palavras quando lançadas com
amor e ternura, são um afago carinhoso... um doce beijo de borboleta, que vai esquentando
os corações mais gelados.
A palavra na poesia é a ponte que nos transporta
através dum rio de imagens que se estendem dormentes procurando no fundo das
sombras a direção do silêncio rubro, que engole o poema se a palavra está
trancada no imo das recordações.
Entre a palavra perdida e a lembrança resgatada,
há palavras com sabor a lágrimas salgadas, a suor de carne bruta... veredas estreitas
e sangrentas que devoram as sombras estonteantes e vão deambulando pelas letras
dum poema...
Com o nascer do poema, juntam-se as palavras, uma
após outra, como se fossem gotículas de orvalho pingando nas folhas brancas do
caderno de poesias... viajando no pensamento e trazendo pequenas fantasias... as
palavras amamentam um poema como os oásis verdejantes alimentam os desertos de
miragens dos poetas e vão devolvendo ao vento as lembranças sem tempo e sem
destino...
By@
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