AUSÊNCIAS
A vida me abandonou em uma encruzilhada de estradas sem trilhos... com veredas estreitas e ausência de brilhos...
As
recordações se acorrentam a um vendaval de desilusões... e o pânico das
tempestades me paralisam os sentidos.
Sou
feita de silêncios... gritos... e
esperas... fui moldada no barro lodoso do pântano das quimeras... sou filha do
desamor e da incerteza... irmã do desalento com as entranhas secas por uma
angústia de saudades e desditas, que ardem em meu peito, embriagam o meu
destino e envenenam a minha alma.
Ausências
são cinzas dum vulcão adormecido... são reminiscências dum tempo perdido... são
gritos silenciosos sem estertor... rastros de passos sombrios... pesadelos de
noites de terror... apelos perdidos no esquecimento das pedras do caminho... um
olhar que se perde na imensidão do nada... cinzas enegrecidas... desfeitas na
bruma se espalhando com o sopro do vento norte... por uma longa e solitária
estrada... que me limita o pensamento me querendo transformar em quase nada...
Quando
minhas mãos tateiam o vazio... só encontram o lamento cansado das demoras.
Meus
braços... já tão cansados da espera por abraços... se abandonam aos murmúrios
de longínquas lembranças...
Por
entre o suor do meu corpo escorrem as mágoas das partidas sem chegadas... das
noites brancas e frias... das insones madrugadas... pesadas e vazias...
Ausências
são desencontros dos sonhos... ternuras negadas... palavras duras e secas como
vergastas que açoitam meu coração e fustigam meu corpo cansado nas geladas
madrugadas... sem claridade... sem vida... sem um pouco de calor... a voz se
estrangula na garganta carente de singelas palavras de amor...e a angústia me
acalenta no seu longo manto de solidão...
As
minhas ausências estão guardadas nos sentimentos aprisionados em lamentos vãos
e irônicos que se prenderam nas palavras que não ousei dizer... nos espinhos
que rasgaram a liberdade de pensar e sentir... e eu sempre carregando um
solitário botão de rosa na primavera que precisava de chuva para poder-se
abrir...
E
o tempo sempre correndo... e a vida se esquecendo de mim... e as minhas mãos
tão cansadas se unem numa prece... para libertar o odor das saudades dos ventos
poentes... quero sacudir as ausências... exalar os aromas de poesia... e trocar
fechaduras do meu coração trancado em baús de fantasia... preciso reviver para
me encontrar nas ausências que tiraram da vida... o meu lugar!
By@
Anna D’Castro
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